sexta-feira, 11 de abril de 2008

web 2.0

O termo web 2.0, cunhado pela empresa O’Reilly Media e pela MediaLive International, em 2004, no seguimento de uma conferência sobre os temas e conceitos da próxima geração web, refere-se a uma segunda geração de serviços de Internet marcada pela colaboração e partilha de informação.
Segundo o próprio Tim O’Reilly a Web 2.0 “é a mudança para uma Internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência colectiva".

Os hiperlinks são o fundamento da rede. Sempre que os utilizadores adicionam conteúdo ou novos sites, estes passam a integrar a estrutura da rede à medida que outros utilizadores forem descobrindo o conteúdo e se forem conectando a ele. Esta actividade colectiva de todos os utilizadores da rede faz crescer, organicamente, a rede de conexões.

A web como plataforma é então uma das principais características da web 2.0. Desta forma, o ambiente on-line torna-se mais dinâmico, uma vez que os utilizadores colaboram na organização do conteúdo. A Wikipédia e o Youtube são exemplos disso. As informações que podemos encontrar no primeiro site são disponibilizadas pelos próprios utilizadores assim como os vídeos do Youtube. Estas ferramentas inserem-se, por isso, no conceito de inteligência colectiva atribuída à web 2.0.

No contexto desta web encontra-se ainda o Digg que reúne as sugestões de páginas com mais votos; o Del.icio.us que possui um sistema semelhante ao anterior, agregando os favoritos ("bookmarks") dos utilizadores. Estes têm, ainda, a possibilidade de compartilhá-los entre si; o Last.fm que segundo as preferências musicais sugere novas bandas e artistas ao utilizador; o Myspace que é uma página web pessoal, usada frequentemente por muitas bandas para darem a conhecer o seu trabalho, e que permite a interacção com outros utilizadores. O Myspace insere-se num conjunto de sites que constituem uma verdadeira rede social, que existe na Internet há bastante tempo (exemplo dos chats, fóruns…) mas que agora se alargou, possivelmente, devido à sofisticação dos sites e ao aumento da instalação das bandas largas.

Entra, igualmente, nesta definição de web como plataforma, a oferta de diversos serviços on-line, todos interligados, onde se inclui o Windows Live. Esta página da Microsoft, ainda em versão de testes, integra uma ferramenta de busca, de e-mail, comunicador instantâneo e programas de segurança, entre outras.

A web 2.0 propõe a combinação de um conjunto de tecnologias surgidas no final dos anos 90, como o web services APIs (1998), o AJAX (1998) e o web syndication (1997) que aumentam a velocidade e proporcionam uma maior facilidade no uso dos aplicativos web. Desta forma, os utilizadores que possuem menos conhecimentos necessários à publicação de conteúdo na Internet, podem publicar e consumir informação de forma rápida e mais frequentemente. Explica-se, assim, o aparecimento nos últimos anos de um elevado número de blogs e wikis.

Para além disso, estas ferramentas permitiram, ainda, o desenvolvimento de interfaces completas e funcionais, que proporcionam ao utilizador um ambiente de trabalho exclusivamente na web, acessível por qualquer computador que, obviamente, se encontre ligado à Internet. Ou seja, na web 2.0 os softwares funcionam pela Internet, não somente instalados no computador local. Desta forma, vários programas podem-se integrar formando uma grande plataforma.

Quanto ao software em mais do que um dispositivo: “O iTunes é o melhor exemplo desse princípio. Ele vai directamente do dispositivo portátil até uma maciça infra-estrutura web, com o PC actuando como cache e estação de controlo local. Houve várias tentativas prévias de levar conteúdo web até dispositivos portáteis, mas a combinação iPod/iTunes é um dos primeiros aplicativos projectados do zero para atingir múltiplos dispositivos.” (Tim O’Reilly)

Outro conceito da web 2.0 é o "beta perpétuo”, ou seja, os programas são alterados e melhorados constantemente, com a participação dos utilizadores que podem dar sugestões e reportar erros. Assim, acabam-se as tradicionais versões dos programas 1.0, 2.0 etc.
Para além disso, os programas são abertos, o que significa que uma parte de um programa pode ser utilizado por qualquer pessoa na criação de outro. Para tal, utilizam-se os APIs que permitem que outros sites utilizem partes dos seus dados. Em vez de grandes servidores provendo uma enorme quantidade de arquivos, na web 2.0 existem as redes P2P, na qual cada usuário é um servidor de arquivos e os arquivos são trocados directamente entre si.

A chamada “inovação na montagem” é outra palavra-chave da web 2.0, que cria oportunidades para que as empresas superem a concorrência ao serem melhores no aproveitamento e integração de serviços oferecidos por outras.

Outras ferramentas da web 2.0:

Adsense: serviço de publicidade oferecido pela Google, que ajuda criadores de sites, onde se incluem os blogs, a obter lucro cada vez que se clica ou se visualiza o anúncio.

Ajax: (acrónimo da palavra inglesa Asynchronous Javascript And XML) que é um vasto pacote de tecnologias para tornar as páginas mais interactivas. Apesar de a Google ter sido uma das primeiras empresas a explorar esta tecnologia, a Google foi a que teve mais sucesso na sua exploração nos serviços como mapas on-line.

Blogs: páginas web que estão entre as primeiras ferramentas web 2.0 mais usadas por milhões de pessoas pelo facto de não requerem o conhecimento de HTML. Tornam-se, assim, mais acessíveis à generalidade da população.

Mash-ups: combinação de dois aplicativos diferentes. Um exemplo é um site de mapas on-line como um serviço de anúncios de imóveis de forma a apresentar um recurso unificado da localização das casas disponíveis para venda.

RSS: Abreviatura de “really simple syndication”. Através das tecnologias “pull” – solicitação da informação e “push” – envio da informação solicitada de forma automática, os utilizadores ficam informados das actualizações dos sites que fornecem “feeds” sem precisarem de os consultar constantemente.

Tagging: Versão web 2.0 das listas de sites preferidos através da vinculação de palavras-chave a uma informação (ex: uma imagem, um artigo, um vídeo) que ajuda a categorizá-la e a facilitar a sua obtenção por outros utilizadores.

Wikis: Páginas comunitárias que podem ser editadas por todos os utilizadores com direitos de acesso (a Wikipédia talvez seja a mais conhecida).

Como foi referido em cima, aquando da explicação do Adsense, surgiram novas formas de lucro com a Web 2.0. Outro exemplo, para além desse, é a utilização de softwares como serviços pagos mensalmente, a venda do conteúdo de um site criado por um utilizador, ou a venda de informações utilizadas para criar um programa (ex: Google Maps),

Resumindo, segue-se o que Tim O’Reilly acredita serem as competências básicas ou princípios-chave da web 2.0:

• Serviços em vez de software empacotado (“beta perpétuo”)
• Controlo sobre fontes de dados únicas e difíceis de serem criadas e que ficam mais ricas quanto mais as pessoas as utilizarem
• Confiança nos utilizadores como participantes no desenvolvimento dos serviços
• Agregação de inteligência colectiva
• Estimulo da cauda longa (pequenos nichos de mercado que, juntos, representam um enorme volume) através do auto-serviço para o cliente
• Software para mais de um dispositivo
• Interfaces de usuário, modelos de desenvolvimento e modelos de negócios
Leves

Convém referir que este conceito não é consensual. Muitos criticam o facto do conceito ser demasiado extenso e subjectivo, não existindo na web 2.0 nenhuma nova tecnologia ou conceitos. A acrescentar a essa crítica muitos vêm na web 2.0 apenas uma estratégia de marketing, e outros defendem que piora a qualidade de informação.